Adriano de Oliveira
Diz-se de poeta para músico "depois de antes de mim"
29.1.08
ANJO DA DESGUARDA
não que eu queira seu mal ou seu bem meu bem não que eu queira o que quer que se queira não que eu não queira também meu bem é que o céu ‘tá tão calmo e são muitos os andares até que se caia e são muitos os tropeços até que se ande e são tantos os penares até que se crie coragem até que se tome vergonha que eu com esse par de asas depenadas — não que eu queira te abandonar — fico pensando se não seria melhor voar
pétala de gente pele muito rosa rubra face e pólen pelo umbigo: sumo se delicadíssima face petalada encara mal-me-queres espinhos talo adentro membros pelo chão sangue sobre a carne desvirtuarão e da maga fibra pétala orvalhada seu lugar dará a uma pele fria de cortes profundos e sangue latente pelas novas veias dos seus novos pulsos que aguardam, crentes seus cortes futuros
